13 janeiro 2012

Mahavidya Yoga, um lugar aconchegante

O Mahavidya Yoga é um espaço intimista e aconchegante em um sobrado geminado típico do Ipiranga.
Mahavidya Yoga
Rua Dona Leopoldina 239 - Metro Alto do Ipiranga

O bairro é deliciosamente arborizado. Nesse mês de janeiro estão florindo as Chuvas-de-ouro, Paus-ferro, Caesalpinias e outras tantas amarelinhas. São tantas florzinhas amarelas que realmente parece que Lakshmi, a deusa da prosperidade, passou distribuindo moedas de ouro.
Chuva de Ouro - Rua Dona Leopoldina - Ipiranga
Da janela da sala de aula, se vê as flores do Pau-ferro.
Pau-ferro em flor - jan.2012  
Vamos entrar e conhecer alguns detalhes do Mahavidya Yoga, que está cheio de mimos (presentes de pessoas queridas).

Tomamos chazinho com bolachas. As vezes, também há os bolos e pães-de-mel da Profª Silvia. (O dessa semana foi bolo de castanha-do-Pará com hortelã. HUUUUMMMM!!!!! ) Os mimos ficam por conta da bela moringa de vidro pintado, os porta-sachês de chá, a toalha bordada com "Ahmisa", a caixinha com o Sol em vitral.
Nota: Ahimsa é o preceito de não ser violento. Leia mais sobre os Yamas.
cantinho dos comes e bebes
Na mesa da recepção, estamos protegidos pelo grande Ganesha de "Liliput", o deus que tira os obstáculos, (que recebe, semanalmente, flores de uma devota). Os outros mimos são a flor de crochê da devota, o potinho da Durga, o vaso com flores de cerâmica regadas com aroma de maracujá e obviamente o calendário feito sobre medida para tia coruja.
No nosso painel de avisos, a família Shiva, deus da transformação, está apresentando o tempo no calendário.
A escada é a nosso "caminho para o céu" pelos bija-mantras dos chakras de cerâmica que enfeitam a subida para a sala de aula. Assim, do terroso Lam subimos ao transcendental Om para chegar ao nosso Yoga.
Escada para o Céu
Vou parar por aqui, depois apresento os outros mimos. Só faltou apresentar as professoras.
Profª Flavia
Blog Yoga das Grandes Sábias
Profª Silvia
Blog Om Yoga
Aguardamos sua visita 
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2ª e 4ª com a Profª Silvia 11 8364-2688
3
ª a 5ª com a Profª Flávia 11 8430-8509

 HORÁRIO
Duração da aula 1 hora

 
segunda
terça 
quarta
quinta
Profª
Silvia
Flávia
Silvia
Flávia
  manhã
6:00

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7:00
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7:00
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8:20
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9:30
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9:30
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10:45
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12:00
12:00
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  tarde  
13:10
 
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14:20
 
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15:30
 
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16:45
 
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  noite  
18:00
 
18:00
   
19:00
19:15
19:00
19:15
 

20:30

20:30
Conheça nosso site. www.yoga.fwmartes.com.br

10 janeiro 2012

Mahat Pranayama


Respiração Completa Consciente
[mahat prANAyAma]
de Flávia Venturoli Miranda
2012
mahat pranayama “respiração completa consciente”, grande controle do prana [prANa]
mahat [ ] – grande, melhor, longo, mais importante
pranayama [prANAyAma] – controle do prana – 4ª parte descrita pelo Patanjala Yoga Sutra [pAta~njala yoga sUtra]

No dia a dia, subutilizamos nosso suprimento de energia vital. Respiramos em média 500 ml de ar, quando poderíamos usar pelo menos mais 3 litros. Ficamos vitalmente desnutridos. A respiração completa é usar a totalidade da capacidade respiratória, enchendo e esvaziando todo o pulmão. 

Para a respiração se tornar um pranayama é necessário fazê-la consciente. A respiração completa requer treino. Começa-se treinando cada faixa respiratória individualmente (alta, média, baixa) por algumas semanas, até dominá-las. Só assim inicia-se o treino da respiração completa. O ideal é a aprender as práticas respiratórias com supervisão de um professor.

Os sábios indianos descobriram a ligação da respiração com a mente. A respiração reflete o estado da mente. Se a mente está agitada, ansiosa, a respiração será curta, alta, entrecortada. Se a mente está tranquila a respiração é longa, completa e contínua. Notaram, também, que ao alterar o padrão respiratório se pode mudar o estado mental. Assim, fazer a respiração completa é bom para o corpo e ótimo para mente, pois energiza o corpo e aquieta a mente. Quando a respiração completa é feita conscientemente, ela se potencializa, melhora em quantidade e principalmente em qualidade, então passa a ser o Mahat Pranayama.

Segundo a tradição do Swami Gitananda, o Mahat Pranayama, o grande controle do prana,  é o que chamamos de respiração completa, ou seja, consiste em inspira:
  • levando o ar para parte inferior do pulmão – respiração abdominal, adham pranayama [AdhAM prANAyAma],
  • depois, preencher a parte mediana do pulmão – respiração média, madhyam pranayama [madhyAM prANAyAma] e
  • por fim, preencher a parte alta do pulmão – respiração alta, adhyam pranayama [adhyaM prANAyAma].
Solta-se o ar na mesma ordem, isto é, debaixo para cima. Mahat Pranayama é feito sempre de forma fluída, tranquila e alongada.

Veja também:
Respiração Alta Consciente - Adhyam Pranayama
Respiração Média Consciente - Madhyam Pranayama
Respiração Baixa Consciente - Adham Pranayama

04 janeiro 2012

Kapalasana


Postura do Crânio
[kapAlAsana]
de Flavia Venturoli Miranda
2008

 kapala [kapAla] – crânio, vaso de oferenda
Crânio
modelagem de Aline Leles
Kapala, vaso de oferenda
 O crânio, na maioria das culturas, representa a morte, o fim da existência corpórea. A inexorabilidade da morte é fator de medo, angustia e reflexões. Não à-toa Shakespeare filosofa em Hamlet que segura um crânio e diz: “To be or not to be. That is the question.” 
Hamlet: To be or not to be.
Na Índia, os kapalikas [kApAlika], uma seita ascética tântrica [tAntrika], cultuam Shiva Kapali [shiva kapAli] como o transformador radical de morte e renascimento. Suas práticas de tapas [tapas] são bastante radicais e visam lidar com equanimidade as abjeções da manifestação, por isso, as vezes, moram e meditam em cemitérios. Não raramente usam crânios como suporte para seus alimentos. Assim como faziam os vikings, ao usarem como canecas.
Kapalika - Aghor

O crânio como receptáculo do encéfalo, também remete a morada da mente, do intelecto e da noção de eu, o que no Samkhya [sAMkhya] é chamado de órgãos internos, antahkarana [antaHkaraNa]. A deusa Kali [kAlI] usa uma girlanda de cabeças, ou de crânios que representam as ignorâncias estirpadas.
Kali e seu kapalamala
Antropologicamente, há quem diga que o fato de evoluirmos de quadrúpede para bípede, elevou nossa cabeça a um outro plano de percepção. Que as necessidades das savanas, nos obrigaram a olhar mais longe, culminando na escolha dos mais aptos para a sobrevivência nessa nova realidade. Esse mudança estrutural do corpo, permitiu um aumento da capacidade encefálica, possibilitou uma nova acomodação das cordas vocais (permitindo a linguagem falada), e principalmente libertou, nossas principias ferramentas de linguagem e de transformação do mundo, as mãos. 

 A posição privilegiada do encéfalo e o aumento do intelecto, tornou, contudo, a espécie mais prepotente. Costumamos dizer que “o sucesso subiu pra cabeça”, que fulano “está com a cabeça erguida”, que sicrano “não abaixa a crista por nada”. 

namaskara

O ato de curvar-se em saudação, namaskara [namaskAra], é um ato de humildade. A postura, cujo crânio toca o solo, é um treino de humildade, de diminuição da arrogância intelectual. O altivo crânio toca o mundano chão. Isso o põe numa dimensão mais humana e temporal, o que leva (a meu ver) a reflexão sobre a duração da existência, por isso é comum também o medo nessa postura. 
Ser humilde e mortal provoca medo e é um bom trabalho buscar o equilíbrio para ambos, a kapalasana pode ser uma opção para esse trabalho. 


 
 Importante:
Segundo Desikachar, é essencial que o yoga seja adaptado a cada um, viniyoga
(yoga sUtra III.6). Para isso é importante, que para essa postura, que lida com aflições primordiais como medo da morte, abhinivesha [abhinivesha] (yoga sUtra II.9), seja respeitado não só a preparação física de fortalecimento de músculos, mas também a preparação psicológica para alcançar tal postura. 

Variações:
Iyengar chama essa postura de shalambashirshasana
II [sAlamba shIrSAsana] – a postura do suporte sobre a cabeça e faz parte de um ciclo de posturas com o apoio sobre a cabeça, com inúmeras variações.

Na tradição do Yoga Narayana, costumamos treinar primeiramente com a postura chamada de delfim onde a posição da cabeça e das mãos são as mesmas dessa versão, mas não se retira o pés do solo. Apenas, se caminha em direção a cabeça, se retifica a coluna e assim se permanece. Depois se pode treinar próximo a parede para ganhar confiança, que na hora do equilíbrio serve de apoio. Há também a versão da kapalasana, cujo joelhos se apóiam sobre os braços, quando essa está dominada, completa-se a postura elevando as pernas. 

Conforme a tradição, apóia-se a mão de uma maneira: uns deixam mãos de forma que os dedos apontam para a cabeça, outros são os punhos que apontam para cabeça, outros ainda os punhos apontam para cabeça mas as mãos são voltadas para fora. 
 
Fonte: salambashirshasana [sAlamba shIrSAsana]
- Light on Yoga – B.K.S. Iyengar
- Coração do Yoga – T.K.V. Desikachar – Jaboticaba Fonte histórica:

Segundo a Encyclopaedia of Tradicional Asanas – Dr. M. L. Gharote – Lonavla, kapalasana
[kapalAsana] com as pernas elevadas e kuhi asana [kuhI Asana], cujas canelas os apóiam ao longo dos braços, aparecem num manuscrito do haThapradIpikA ou siddhAnta muktAvalI II.158 e II.129 respectivamente