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26 outubro 2012

Respiração, Relaxamento, Pranayama e Meditação

NOVOS HORÁRIOS
Mahavidya Yoga oferece nessa primavera 2012 e verão 2013 práticas para auxiliar no controle do estresse, cansaço e ansiedade em 4 tipos de aulas diferentes e complementares com a Profª Flavia Venturoli Miranda:  Aulas de 30 minutos duração


Alunos de prática do Mahavidya Yoga consulte-nos sobre desconto. 

Mahavidya Yoga
Rua Dona Leopoldina 239 Alto do Ipiranga
São Paulo – SP
fone: 11.984308509

Aula de Respiração



Horário       2ªs          18h00

 Prática com exercícios de conscientização do padrão respiratório. Aprendizado do controle da respiração e o uso da máxima capacidade. Domínio do ritmo da inspiração e expiração.

Respirar é vital, por isso a conscientização e o aprendizado do processo respiratório aumentam a capacidade de troca gasosa. Corpo, mente e emoções tornam-se mais eficientes com a melhora respiratória que traz vitalidade, concentração e tranquilidade.

Mensalidade R$ 60,00
Aula avulsa   R$ 20,00

Aula de Relaxamento

 Horário           2ªs         18h30

Prática de Relaxamento através do treino da soltura desde as tensões superficiais até as profundas; físicas, emocionais e mentais.

“O organismo tem esse nome porque se organiza. É uma máquina perfeita” (Nuno Cobra) e se mantém em equilíbrio enquanto não haja tensões que impeçam o fluxo de sua vitalidade.
Assim, quando há conscientização das sensações dos órgãos e das partes corpo, há a liberação das tensões e se recupera o estado natural de equilíbrio do organismo, homeostase.

As tensões e dores físicas levam ao cansaço mental e minam as emoções. O contrário também ocorre: as ansiedades, pensamentos e preocupações somatizam-se desequilibrando o organismo. Por isso o relaxamento é fundamental para se alcançar bem estar.

Você pode dormir uma noite toda e, ainda assim, acordar cansado. O treino do relaxamento ensina o corpo e a mente como conseguir realmente restaurar e recuperar a energia.

Mensalidade R$ 60,00
Aula avulsa   R$ 20,00

Aula de Pranayama



Horário           2ªs         19h15
Práticas de técnicas de respiração do yoga que permitam a purificação sutil, aumento e condução da vitalidade, através de nadishodhanas, kumbhakas, bandhas e mudras. Hatha yoga é pranayama (controle do prana) por isso ser hábil nesta ação é fundamental para quem busca os níveis mais elevados do yoga, saúde e paz interior.

Caso o aluno não domine técnicas básicas de respiração, a ele será orientado durante a aula as práticas para alcançá-las gradativamente.

Mensalidade R$ 60,00
Aula avulsa   R$ 20,00

Aula de Meditação



Horário          2ªs         20h30

Yoga é a cessação dos turbilhões da mente. Por isso, praticar concentração e meditação é sinônimo de yoga. A quietude interna é alcançada através do (re)conhececimento do mecanismo da mente e do treino do controle dos fluxos dos pensamentos.
Meditação é treinar abster-se das discussões internas, praticando a contração até que o foco passe a ser a totalidade da consciência. O treino de concentração, reflexão, visualização, contemplação, mantras e yantras vão gradualmente diminuindo a identificação com a tagarelice mental. Com o silêncio é possível nos perceber como a consciência naturalmente tranquila que somos.

Mensalidade R$ 60,00
Aula avulsa   R$ 20,00

04 janeiro 2012

Kapalasana


Postura do Crânio
[kapAlAsana]
de Flavia Venturoli Miranda
2008

 kapala [kapAla] – crânio, vaso de oferenda
Crânio
modelagem de Aline Leles
Kapala, vaso de oferenda
 O crânio, na maioria das culturas, representa a morte, o fim da existência corpórea. A inexorabilidade da morte é fator de medo, angustia e reflexões. Não à-toa Shakespeare filosofa em Hamlet que segura um crânio e diz: “To be or not to be. That is the question.” 
Hamlet: To be or not to be.
Na Índia, os kapalikas [kApAlika], uma seita ascética tântrica [tAntrika], cultuam Shiva Kapali [shiva kapAli] como o transformador radical de morte e renascimento. Suas práticas de tapas [tapas] são bastante radicais e visam lidar com equanimidade as abjeções da manifestação, por isso, as vezes, moram e meditam em cemitérios. Não raramente usam crânios como suporte para seus alimentos. Assim como faziam os vikings, ao usarem como canecas.
Kapalika - Aghor

O crânio como receptáculo do encéfalo, também remete a morada da mente, do intelecto e da noção de eu, o que no Samkhya [sAMkhya] é chamado de órgãos internos, antahkarana [antaHkaraNa]. A deusa Kali [kAlI] usa uma girlanda de cabeças, ou de crânios que representam as ignorâncias estirpadas.
Kali e seu kapalamala
Antropologicamente, há quem diga que o fato de evoluirmos de quadrúpede para bípede, elevou nossa cabeça a um outro plano de percepção. Que as necessidades das savanas, nos obrigaram a olhar mais longe, culminando na escolha dos mais aptos para a sobrevivência nessa nova realidade. Esse mudança estrutural do corpo, permitiu um aumento da capacidade encefálica, possibilitou uma nova acomodação das cordas vocais (permitindo a linguagem falada), e principalmente libertou, nossas principias ferramentas de linguagem e de transformação do mundo, as mãos. 

 A posição privilegiada do encéfalo e o aumento do intelecto, tornou, contudo, a espécie mais prepotente. Costumamos dizer que “o sucesso subiu pra cabeça”, que fulano “está com a cabeça erguida”, que sicrano “não abaixa a crista por nada”. 

namaskara

O ato de curvar-se em saudação, namaskara [namaskAra], é um ato de humildade. A postura, cujo crânio toca o solo, é um treino de humildade, de diminuição da arrogância intelectual. O altivo crânio toca o mundano chão. Isso o põe numa dimensão mais humana e temporal, o que leva (a meu ver) a reflexão sobre a duração da existência, por isso é comum também o medo nessa postura. 
Ser humilde e mortal provoca medo e é um bom trabalho buscar o equilíbrio para ambos, a kapalasana pode ser uma opção para esse trabalho. 


 
 Importante:
Segundo Desikachar, é essencial que o yoga seja adaptado a cada um, viniyoga
(yoga sUtra III.6). Para isso é importante, que para essa postura, que lida com aflições primordiais como medo da morte, abhinivesha [abhinivesha] (yoga sUtra II.9), seja respeitado não só a preparação física de fortalecimento de músculos, mas também a preparação psicológica para alcançar tal postura. 

Variações:
Iyengar chama essa postura de shalambashirshasana
II [sAlamba shIrSAsana] – a postura do suporte sobre a cabeça e faz parte de um ciclo de posturas com o apoio sobre a cabeça, com inúmeras variações.

Na tradição do Yoga Narayana, costumamos treinar primeiramente com a postura chamada de delfim onde a posição da cabeça e das mãos são as mesmas dessa versão, mas não se retira o pés do solo. Apenas, se caminha em direção a cabeça, se retifica a coluna e assim se permanece. Depois se pode treinar próximo a parede para ganhar confiança, que na hora do equilíbrio serve de apoio. Há também a versão da kapalasana, cujo joelhos se apóiam sobre os braços, quando essa está dominada, completa-se a postura elevando as pernas. 

Conforme a tradição, apóia-se a mão de uma maneira: uns deixam mãos de forma que os dedos apontam para a cabeça, outros são os punhos que apontam para cabeça, outros ainda os punhos apontam para cabeça mas as mãos são voltadas para fora. 
 
Fonte: salambashirshasana [sAlamba shIrSAsana]
- Light on Yoga – B.K.S. Iyengar
- Coração do Yoga – T.K.V. Desikachar – Jaboticaba Fonte histórica:

Segundo a Encyclopaedia of Tradicional Asanas – Dr. M. L. Gharote – Lonavla, kapalasana
[kapalAsana] com as pernas elevadas e kuhi asana [kuhI Asana], cujas canelas os apóiam ao longo dos braços, aparecem num manuscrito do haThapradIpikA ou siddhAnta muktAvalI II.158 e II.129 respectivamente

23 setembro 2011

Navasana


Postura do Barco

Navasana
[nAvAsana]
nava [nAva] – nave, navio, nau, barco
 de Flávia Venturoli de Miranda 


Outro nome para esse asana é nau asana ou naukasana [naukAsana], cujo o significado é idêntico.
Na postura do barco, navasana, o abdômen é o protagonista, pois é com a contração de seus músculos que se sustenta a coluna e as pernas inclinadas, formando o casco em V de um barco. Mas atenção não se apóie sobre o sacro, mas sim sobre o cóccix. Outro equívoco é a transferência do esforço do abdômen para o pescoço. O pescoço, rosto e pernas devem permanecer relaxados e leves, contendo o trabalho apenas no abdômen. Alongar a coluna e o pescoço (pela nuca) auxiliam a permanência correta deste asana [Asana] de equilíbrio.

O trabalho intenso do abdômen estimula o fogo gástrico, jatharagni [jATharAgni], responsável pela assimilação dos nutrientes. O fortalecimento dos músculos abdominais auxiliam na sustentação da coluna verticalizada e por isso evitam as lombagias, quando acompanhado de alongamentos da lombar.
O barco, o návio, a nau, a embarcação são meios de transporte sobre águas e carregam a simbologia da travessia. Se usarmos a simbologia de água como emoções, o barco nos auxilia na travessia das emoções, nem sempre tranquilas, nem sempre revoltas, mas na maioria da vezes são propulsoras das ações, como as correntezas para um barco. 

Para um barco, durante uma travessia, não ficar a deriva das águas (das emoções) é preciso assumir o leme e ser o capitão. É isso que penso quando ao fazer o navasana concentro-me nos 3 chakras [cakra] inferiores: muladhara [mUlAdhAra] (o suporte da base) ou seja  a quilha do barco; svadishthana [svAdiSThAna] (a posição de si) a carena, o bojo do casco e manipura [maNipUra] (a cidade da jóia) a borda do casco, que dá para o convés. Sem esses suportes firmes torna difícil a travessia no alto mar quando se vai explorar a si mesmo.

Variação:
Há inúmeras variações para essa postura, desde segurar os pés com as mãos, a fazer o ângulo mais aberto com as mãos apoiadas na nuca. É possível fazer com apenas uma perna por vez, enquanto a outra fica flexionada e o pé apoia no chão. Como também com as mãos apoiadas no chão logo atrás do quadril.
Veja a postura da canoa, ardha navasana.


Fonte
navasana
[navAsana] no Vinyasa Yoga – Srivatsa Ramaswami – Marlowe
                               no Ioga e Saúde – Selvarajan Yesudian - Cultrix

Fonte Histórica
naukasana [naukAsana] segundo a Encyclopaedia of Tradicional Asanas – Dr. M. L. Gharote – Lonavla é citado no Kapala Kurantaka Hahtabhyasa Paddhati  [kapAla kuraNTaka haThAbhyAsa paddhati] 11.

 

03 dezembro 2010

Utthita Pavanamuktasana

Postura em Pé que Liberta o Purificador
[utthita pavanamuktAsana]
por FláviaVenturoli de Miranda
10/200
utthita [ ]- elevada, em pé
pavana
[ ] - purificador, ares, ventos, gases
mukta
[ ]- libertado, solto


Pavana é um outro nome para vayu [vAyu], ventos. Os 10 vayus são subdivisões funcionais do prana [prANa]. O prana em si é uma manifestação da Mahashakti [mahAshakti] como “órgãos vitais”, tornando possível a vivificação corpórea juntamente com a kundalini [kuNDalinI]. São 5, os prana vayus [prANa vAyu] além de haver mais 5 upavayus [upavAyu], que são secundários. O segundo vayu mais importante é o apana vayu [apAna vAyu], regente da região abdominal, responsável pelos processos excretórios.

Há uma divertida historinha sobre o vayus
na Prashna Upanishad [prashna upaniSad] II.3 e 4]. Certa vez os 5 vayus ficaram orgulhos de si e disseram que só por eles o corpo se mantinha coeso e vivo. O Prana interviu e disse-lhes, para não se enganarem, pois os eles só existiam por que ele, Prana, se dividia em 5. Para provar sua teoria, o Prana ameaçou deixar o corpo. Assim, todos os outros vayus perceberam que se o Prana se retirasse do corpo, eles também teriam que partir. Quando o Prana se assentou novamente, cada um dos vayus achou novamente o seu lugar, porém agora humildemente.

O pavamuktasana
normalmente é feito sentado (ou deitada) com ambas as pernas flexionadas junto ao peito (Sivananda). É também chamado de apanasana [apAnAsana] por Krishnamacharya.

A postura que libera os gases, como o próprio nome diz, ajuda o apana vayu na eliminação da flatulência, massageia o intestino grosso e induz o movimento peristáltico. Nessa versão, ela é feita em pé, em equilíbrio. Para Srivatsa Ramaswami é chamada de utthita marichyasana (utthita marIcyAsana).

Quando feita com a inclinação da cabeça, com intenção da testa alcançar o joelho. Ela se torna ainda mais difícil, não só pela proximidade exigida da coxa (que obriga um alongamento maior da musculatura dos glúteos e da parte posterior da coxa), como também pela exigência de maior concentração, já que o movimento da cabeça, movimenta o labirinto ativando o sistema nervoso e cérebro a uma adaptação dinâmica na busca do equilíbrio.


Fonte:
apanasana [apanAsana] - The Viniyoga of Yoga – TKV Desikachar – KYM
utthita marichyasana (utthita marIcyAsana) - Vinyasa Yoga – Srivatsa Ramaswami – Marlowe
Fonte histórica:
Segundo Encyclopaedia of Traditional Asanas – Dr. Gharote - Lonavla
– essa postura aparece com o nome de balalingana asana [bAlAli~nga Asana] no texto Kapala Kurantaka Hathabhyasa Paddhati verso 84 [kapAla kuraNTaka haThAbhyAsa paddhAti]



19 outubro 2010

Natarajasana

Postura do Dançarino Real
nata [naTa] - dançarino
raja [rAja] – real, do rei
por  FláviaVenturoli de Miranda
.
  
Nataraja [natarAja] é um epíteto de Shiva como transformador. Conta a lenda que numa floresta moravam sábios que haviam se perdidos em seus egos. Os deuses resolveram dar-lhes uma lição. Assim, Vishnu [viSNu] disfarçado de uma bela mulher, Mohini [mohinI], apareceu diante deles acompanhada com Shiva. Os homens, tomados de desejos, lutaram violentamente entre si pela atenção da moça. Disputavam para tirá-la de Shiva

Mohini entre os sábios
Os sábios através de magia criaram um monstruoso tigre para atacar o rival Shiva. O tigre ao atacá-lo, foi resumido a uma pele, pois Shiva com unha do seu dedo minguinho o esfolou e usou seu couro como veste. Os sábios, revoltados com a aquela derrota, criaram uma serpente monstruosa, que Shiva com naturalidade colocou no seu pescoço como um colar e começou a dançar. Por fim, os sábios mandaram um anão para atacar Shiva que o dominou, simplesmente, pisando em suas costas sem cessar sua dança frenética, tandava [tANDava]. 


Shiva Nataraja
Em uma outra lenda, ao saber da morte de sua esposa, Sati [satI], por imolação na pira sacrificial de seu sogro. Shiva ficou tão furioso que começou a dançar freneticamente, tandava, para que o mundo fosse destruído e um novo mundo mais correto recomeçasse. 

O simbolismo da postura é da transformação interna, através domínio sobre a pequenez do ego ignorante pela superioridade da sabedoria essencial.

Variações:

Essa postura tem inúmeras variações. Das mais simples, quando em vez de pegar o pé com a mão, apenas se eleva um pouco para trás a perna do chão, enquanto um braço fica erguido e o outro relaxado (ou até mesmo com os 2 braços erguidos). Há a versão muito complexa, como demonstrada por Iyengar no Light on Yoga, em que o pé da perna erguida toca a cabeça.

Com relação ao tronco, há quem faça a postura no prumo e outros preferem inclinar o tronco até que fique paralelo ao chão. Há a opção também de elevar a cabeça e olhar o teto, o que sempre aumenta o grau de dificuldade do equilíbrio,

De qualquer modo a postura, além de belíssima esteticamente, trabalha a extensão da coluna, o alongamento do psoas e da musculatura frontal da coxa, e a abertura do tórax. Nela treinamos “dançar conforme a música” sem perde o  equilíbrio.

Fonte:
Light on Yoga – Iyengar
Encyclopaedia of Traditional Asanas – Dr. Gharote - Lonavla
Fonte histórica:
Yoga Rahasya I.51 de Nathamuni - KYM

22 fevereiro 2010

Chandrasana

postura da Lua
chandra - lua

 por Flávia Venturoli de Miranda

 outubro de 2008
atualizado em fevereiro de 2010

A lua é outra cheia de fatos e mitologias. Começa que é cultuada por todos os povos pelo mundo. Na Índia tem vários nomes como chandra [candra] e soma [soma], é um deus que secreta a ambrosia da imortalidade, amrita [amRRita].

Na tradição do Hatha Yoga [haThayoga], se diz que ha [ha] é o sol e tha [Tha] é a lua (Hatha Ratnavali [haTha ratnAvalI] I.21) que representam respectivamente as nadis pingala e ida [pi~ngalA iDA nADI]. Na Gheranda Samhita [gheraNDasaMhitA] V.39 a 45, se medita no bija mantra tham [ThaM bIjamantra] como uma lua branca que secreta ambrosia e lava todas as nadis [nADI].


Uma meia lua [ardha candra] serve para segurar as madeixas de Shiva [shiva], ele mesmo uma das personificação divina da lua.  Saiba mais sobre Shiva Chandrashekhar, ou Chandramauli.

  
Enfim se pode dizer que a lua na Índia, tem a característica de refrescar após o dia abrasador do calor indiano. Por ser fria é úmida, produz orvalho que nutri a terra e todos os seres vivos, portanto garante a seiva da vida. O sol por outro lado dá a vida, mas também a tira ressecando-na. Deste modo, na Índia, o sol está associado com a morte fisiológica, enquanto a lua com a imortalidade.

Conta a lenda que o deus Soma, a lua, passa meio mês alimentando os deuses com imortalidade, depois mingua, exaurido. Então o Surya [sUrya], o sol, evapora os oceanos e o reidrata.

No Tantra, há também as 15 luas da deusa Kali [kAlI], que é a quinzena escura lunar, enquanto a quinzena luminosa é a deusa Lalita [ ].

Na postura de chandra passa-se por várias fases como a lua. Começa-se em trikonasana [trikoNAsana], depois flexionando uma das pernas, faz-se a virabhadrasana II [virabhadrAsana] e, por fim, completa-se com a postura de equilíbrio chandrasana [candrAsana].

Ela também requer uma grande concentração devido a mudança do ponto focal da cabeça em movimento para se alcançar a postura final. Com o corpo fica todo num único plano, requer que os músculo estejam igualmente firmes, isométricos, para que nada perturbe o equilíbrio. É uma postura que requer atenção plena e força de praticamente todos os grandes músculos do corpo.

Shastra [shastra]
  • Não encontrei nenhum asana com a descrição igual ou semelhante ao chandrasana ou ardhachandrasana [ardhacandrAsana] como descrito por Iyengar, in GHAROTE, Dr. M.L., Encyclopaedia of Traditional Asanas – The Lonavla Yoga Institute, Lonavla, India, 2006, há posturas com esses nomes porém totalmente diferente na execução.
  • Na Hatha Ratnavali [haTha RatnAvalI], cita chandrakantasana [candrakAntAsana], mas não descreve.
Bibliografia:
  • Como ardhachandrasana IYENGAR, B.K.S – Light on Yoga – Schocken Books 1979, pg 74 a 7
Variações

  • utthita parshvakonasana [utthita pArSvakoNAsana] + equilíbrio, com o joelho flexionado e ambos braços esticados e mãos unidas acima da cabeça, RAMASWAMI, Srivatsa – The Complete Book of Vinyasa Yoga – Marlowe & Company – 2005 pg 150 a 152.
  •  ardhachandrasana - lateralização (sem o trabalho de equilíbrio) feita com um braço flexionado, formando um arco, como uma lua crescente.
  • ardhachandrasana - lateralização (sem o trabalho de equilíbrio) feita com um braço extendido para o alto, pernas unidas, como uma lua crescente, in Nilda Fernandes, Yoga Terapia – O Caminho da Saúde Física e Mental, edição independente, Brasília, 1992, pg 57
  • nitambasana [nitambAsana], com os pés unidos (ou seja, sem o trabalho de equilíbrio) e braços para o alto (dedos entrelaçados e palma da mão virada para o teto, in Nilda Fernandes, Yoga Terapia – O Caminho da Saúde Física e Mental, edição independente, Brasília, 1992, pg 228

25 janeiro 2010

Asana de Equilíbrio

Costumo dizer aos meus alunos, que os asanas de equilíbrio tem menos haver com o corpo e mais com a mente. Por que? Porque o maior desafio é a concentração. É a concentração que permitirá o equilíbrio na postura, mais até que o trabalho muscular.
É óbvio que há exceções como com as pessoas com problemas fisiológicos de desequilíbrio. É o caso dos portadores de labirintite (em alguns casos até bastante debilitantes) e nesses casos o equilíbrio não depende apenas do trabalho mental, embora o treino de posturas simples de equilíbrio e principalmente de muito pranayama [prANAyAma] pode ajudar a melhorar a qualidade de vida para os portadores.

De modo geral, a maioria de nós pode se beneficiar muito ao treinar o equilíbrio físico com esses asanas e assim treinar a mente em um foco, ekagrata [ekAgrata] e alcançar o equilíbrio mental. O trabalho proposto pelo Yoga de Patanjali [pata~njali] é principalmente mental, e dharana [dhAraNA], concentração é a 6ª parte das 8 (ashtanga [aSTa~nga]) propostas para alcançar um total controle da mente [yogashcittavRRittinirodhaH YS I.2].

No caso de asanas de equilíbrio, o trabalho de dharana [dhAraNA] é dinâmico, requer um preparo prévio com a tranquilização da respiração e o recolhimento dos sentidos, prathyahara [prathyAhara].

Nos comentários de Vyasa [vyAsa] sobre o Yoga Sutras [yoga bhASya] II.46, há a citação de uma postura chamada samasamsthana [samasaNsthAna] que pode ser traduzida como igualmente estável (porém sua descrição na “Encyclopaedia” do Dr. Gharote está mais para bhadrasana [bhadrAsana]). Eu chamaria a samasamsthana de permanecer em equilíbrio. Segundo Swami Veda Bharati, provavelmente não se refere a nenhuma postura específica mas um estado de equilíbrio advindo de sthira e sukha (veja YS II.46).

Para Desikachar, há uma classe de posturas denominadas de
samasthiti já que a coluna fica perfeitamente alinhada, que também significa ficar igualmente estável, equilibrado.



tadasana


Preparação Interior para os Asanas de Equilíbrio

Como o trabalho principal do
asana de equilíbrio está na concentração, é preciso preparar a mente mais atentamente. Comece assentado-se em um asana que seja estável. Por exemplo: antes de executar um asana de equilíbrio em pé, comece se interiorizando em tadasana/samasthiti [tADAsana/samAsthiti]. Para asana de equilíbrio sentado se concentre previamente em dandasana [daNDAsana] ou algum outro asana de meditação. E assim por diante. Segue uma orientação para a interiorização em tadasana.

· Com os olhos fechados sinta seu corpo, e observe as sensações de seus pés no solo.
· De olhos fechados é comum sentir uma leve oscilação. Concentre-se no seu eixo central, sua coluna, e essa sensação de oscilação tenderá a diminuir. Com o tempo você não a sentirá mais.
· Para quem sofre com vertigem, o ideal é deixar os olhos entreabertos e fixar o olhar na ponta do nariz-
nasagradrshti – [nAsAgra dRRiSTi].

· Distribua o peso em ambos os pés e pernas. Deixe as pernas firmes,
· mas mantenha o molejo dos joelhos, até que a postura se estabilize.
· Lembre-se que esforço não é o mesmo que tensão. Por isso se esforce para a busca do equilíbrio, intensificando sua percepção da ação e recolhendo os órgãos dos sentidos. Ao mesmo tempo, relaxe, para que não haja contrações desnecessárias, nem expectativas ou flutuações mentais.
· A estabilidade é auxiliada com a contração das nádegas, ou com o mulabandha [mUlabandha].

Pode-se também optar pela concentração no muladhara chakra [mUlAdhAra cakra]
· Encaixe o quadril (porém não projete a pélvis à frente, nem para trás, mantenha-a eixo). Pode-se optar pela concentração no svadishthana chakra [svAdiSThAna cakra]
· É útil manter o tônus do abdômen, em um parcial uddiyana bandha [uDDiyAna bandha]. Pode-se optar pela concentração no manipura chakra [maNipUra cakra]

· Mantenha o peito aberto e ombros relaxados. Pode-se optar pela concentração no anahata chakra [anAhata cakra]
· Alongue o pescoço a partir da nuca, em um parcial jalandhara bandha [jalaMdhara bandha]. Pode-se optar pela concentração no vishuddha chakra [vishuddha cakra]
· Observe toda sua coluna, desde a base no cóccix e suba sua atenção pela coluna sacral, lombar (enquanto alonga a lombar, aumentando o espaço entre o quadril e as costelas), coluna torácica (enquanto relaxa os ombros), cervical (enquanto alonga o pescoço).
· Sinta a cabeça encaixada sobre o pescoço. Não deixe a cabeça pender a frente nem a trás. O queixo aponta para o peito, e consegue se sentir a nuca lisa. Pode-se optar pela concentração no ajna chakra [Aj~na cakra].
· Mentalmente, visualize-se executando o asana de equilíbrio e permanecendo confortavelmente.

· Ao sentir-se seguro e preparado, abra os olhos.
· Com olhos abertos, se concentre em um único ponto, na altura do olhar (mesmo que seja um ponto imaginário).
· Agora você está preparado para executar o asana de equilíbrio atentamente e com a mente concentrada.

10 janeiro 2010

Virabhadrasana

Postura do Herói Famoso
 [virabhadrAsana]
de Flávia Venturoli Miranda
2008

vira [ ] – herói, valente, poderoso
bhadra
[ ] – auspicioso, próspero, boa sorte
Virabhadra
[ ] – um dos epítetos de Shiva [ ]

Virabhadra é uma das formas de Shiva [], as vezes é considerado um de seus filhos. No Vayu Purana [vAyu purANa] diz que ele foi criado da boca de Shiva e em outro Purana diz que ele foi produzido por uma gota do suor de Shiva. O fato da lenda é que quando Shiva casou-se com Sati [satI], essa união não foi bem aceita pelo sogro Daksha [dakSa]. 

Um dia, Daksha convidou todos os deuses para um grande sacrifício, com exceção de seu genro Shiva. Contudo, Sati havia retornado a casa dos pais para uma visita e ficou extremamente ofendida com a exclusão de seu marido nesse grande sacrifício. Deprimida se atirou na pira sacrificial. e morreu. Shiva ao receber a notícia, ficou furioso. Uma gota de suor escorreu de sua face e ao cair no chão surgiu o terrível Virabhadra. Por ordem de Shiva, Virabhadra liderou o exército de Shiva e destruiu o evento de Daksha. 

Nessa postura, o ponto de concentração fica no chão ou a frente. O corpo todo, com exceção da perna de apoio, fica paralelo ao solo, isso requer maior concentração já que o movimento da cabeça mexe nos fluídos do labirinto. Veja dica.

Variações:
Há várias formas para essa postura como equilíbrio ou não. Essa postura é geralmente chamada de postura do guerreiro. Como postura de equilíbrio, as variações ficam por conta da posição dos braços, que podem ser abertos no prolongamento dos ombros, para trás etc.
Na tradição de Krishnamacharya, há inúmeros vinyasas
[vinyAsa] para essa postura. Por exemplo, Iyengar lista ao menos 3 tipos de Virabhadrasana, e os classifica como tipo I: ambos pés no chão, os braços para o alto, pernas afastadas, sendo que a da frente fica flexionada. No tipo II, os braços abertos ficam alinhados com as pernas, a pélvis fica aberta, as pernas afastadas e um dos joelhos flexionados. O tipo III é a versão do equilíbrio.
Fonte:
Light on Yoga – B.K.S. Iyengar
The Viniyoga of Yoga – T.K.V. Desikachar – KYM
Vinyasa Yoga – Srivatsa Ramaswami - Marlowe 

Fonte histórica:
virabhadraka
[vIrabhadraka] – Yoga Rahasya I.51 -KYM
Muitas vezes, monto as sequências de minhas aulas seguindo o mês a astrológico e sempre associo a Virabhadrasana com o signo de sagitário. Minha associação dela com sagitário é tanto pelo intenso trabalho com as coxas (sagitário rege as coxas) como pelo formato de meio cavalo e meio arqueiro. Por isso, quando faço essa seqüência descrita por Iyengar (tipo I, II e III), sempre me lembro de uma das passagens da Mundaka Upanishad [muNDaka upaniSad] II.ii.3 e 4, o que dá o cunho filosófico e objetivo típico de sagitário:
MuUp II.ii.3 e 4- Segurando o arco, a grande arma nas Upanishads [upaniSad], a pessoa deve colocar nele uma fecha afiada com meditação. Preparar a corda e atingir o alvo que é Brahman [ ] com a mente absorta nele.

O Om [OM] é o arco, Atman [Atman] é a fecha, e Brahman é seu alvo. Ele é atingido pela pessoa correta. A pessoa deve tornar-se um com Ele, assim como uma fecha.
www.celextel.org/108upanishads/mundaka.html