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09 julho 2023

Por que a Lua crescente coroa Shiva?

 Flavia Venturoli Miranda


Deus Shiva

Chandra Deva – Deus Lua casou-se com 27 (nakshatras - constelações) filhas de Daksha Prajapati, mas era realmente encantado e dedicado a apenas uma, Rohini. Suas outras esposas reclamaram ao pai do favoritismo do marido, que amaldiçoou Chandra com uma doença fatal e incurável que faria seu belo corpo brilhante desaparecer rapidamente. O declínio do deus Lua foi tão grande que quase não era mais visível, isso provocou um grande desequilíbrio na natureza e trouxe sofrimentos aos seres vivos.

Rohini Nakshatra Aldebaran -
estrela gigante vermelha que fica na constelação de Touro.

Chandra pediu ajuda ao deus Brahma, pai de Daksha. Brahma lamentou não poder ajudar porque sabia que seu filho não lhe daria ouvidos, contudo o orientou a pedir ajuda ao deus Shiva. Para alcançar as benções de Shiva, Chandra Deva executou o ritual do Maha Mritunjaya por muito tempo. Shiva surgiu quando só havia restado uma pequena parte do deus Lua, praticamente apenas um fino arco era visível. Shiva ajudou na recuperação tratando com a erva Soma, que tornava Chandra novamente radiante e a natureza retomava ao seu equilíbrio. Mas essa maldição era infindável e por muito tempo era necessário refazer regularmente o tratamento com a erva.

Chandra Deva - Deus Lua

Já que a maldição de Daksha não poderia ser retirada, Shiva apresentou uma solução definitiva ao Chandra. A cada quinzena Chandra viveria o castigo do sogro, minguaria até sumir do céu. Contudo se Chandra aceitasse refúgio nos cachos do cabelo do deus Shiva, lhe seria garantido, que após minguar, o deus Lua teria uma quinzena de cheia até voltar a ficar pleno e radiante no céu porque teria o Soma suficiente que precisava.

 

fases da lua

Assim, Shiva que é também o deus do tempo, Kala, passou a controlar as minguantes e as cheias da Lua e ganhou o adereço no cabelo. Chandrashekhar – que tem a lua no topo da cabeça. Chandramauli – coroa de Lua. Já Chandra voltou a dar atenção igualitária as 27 esposas.

 

Veja também: ardhachandrasana - postura da lua crescente

22 fevereiro 2010

Chandrasana

postura da Lua
chandra - lua

 por Flávia Venturoli de Miranda

 outubro de 2008
atualizado em fevereiro de 2010

A lua é outra cheia de fatos e mitologias. Começa que é cultuada por todos os povos pelo mundo. Na Índia tem vários nomes como chandra [candra] e soma [soma], é um deus que secreta a ambrosia da imortalidade, amrita [amRRita].

Na tradição do Hatha Yoga [haThayoga], se diz que ha [ha] é o sol e tha [Tha] é a lua (Hatha Ratnavali [haTha ratnAvalI] I.21) que representam respectivamente as nadis pingala e ida [pi~ngalA iDA nADI]. Na Gheranda Samhita [gheraNDasaMhitA] V.39 a 45, se medita no bija mantra tham [ThaM bIjamantra] como uma lua branca que secreta ambrosia e lava todas as nadis [nADI].


Uma meia lua [ardha candra] serve para segurar as madeixas de Shiva [shiva], ele mesmo uma das personificação divina da lua.  Saiba mais sobre Shiva Chandrashekhar, ou Chandramauli.

  
Enfim se pode dizer que a lua na Índia, tem a característica de refrescar após o dia abrasador do calor indiano. Por ser fria é úmida, produz orvalho que nutri a terra e todos os seres vivos, portanto garante a seiva da vida. O sol por outro lado dá a vida, mas também a tira ressecando-na. Deste modo, na Índia, o sol está associado com a morte fisiológica, enquanto a lua com a imortalidade.

Conta a lenda que o deus Soma, a lua, passa meio mês alimentando os deuses com imortalidade, depois mingua, exaurido. Então o Surya [sUrya], o sol, evapora os oceanos e o reidrata.

No Tantra, há também as 15 luas da deusa Kali [kAlI], que é a quinzena escura lunar, enquanto a quinzena luminosa é a deusa Lalita [ ].

Na postura de chandra passa-se por várias fases como a lua. Começa-se em trikonasana [trikoNAsana], depois flexionando uma das pernas, faz-se a virabhadrasana II [virabhadrAsana] e, por fim, completa-se com a postura de equilíbrio chandrasana [candrAsana].

Ela também requer uma grande concentração devido a mudança do ponto focal da cabeça em movimento para se alcançar a postura final. Com o corpo fica todo num único plano, requer que os músculo estejam igualmente firmes, isométricos, para que nada perturbe o equilíbrio. É uma postura que requer atenção plena e força de praticamente todos os grandes músculos do corpo.

Shastra [shastra]
  • Não encontrei nenhum asana com a descrição igual ou semelhante ao chandrasana ou ardhachandrasana [ardhacandrAsana] como descrito por Iyengar, in GHAROTE, Dr. M.L., Encyclopaedia of Traditional Asanas – The Lonavla Yoga Institute, Lonavla, India, 2006, há posturas com esses nomes porém totalmente diferente na execução.
  • Na Hatha Ratnavali [haTha RatnAvalI], cita chandrakantasana [candrakAntAsana], mas não descreve.
Bibliografia:
  • Como ardhachandrasana IYENGAR, B.K.S – Light on Yoga – Schocken Books 1979, pg 74 a 7
Variações

  • utthita parshvakonasana [utthita pArSvakoNAsana] + equilíbrio, com o joelho flexionado e ambos braços esticados e mãos unidas acima da cabeça, RAMASWAMI, Srivatsa – The Complete Book of Vinyasa Yoga – Marlowe & Company – 2005 pg 150 a 152.
  •  ardhachandrasana - lateralização (sem o trabalho de equilíbrio) feita com um braço flexionado, formando um arco, como uma lua crescente.
  • ardhachandrasana - lateralização (sem o trabalho de equilíbrio) feita com um braço extendido para o alto, pernas unidas, como uma lua crescente, in Nilda Fernandes, Yoga Terapia – O Caminho da Saúde Física e Mental, edição independente, Brasília, 1992, pg 57
  • nitambasana [nitambAsana], com os pés unidos (ou seja, sem o trabalho de equilíbrio) e braços para o alto (dedos entrelaçados e palma da mão virada para o teto, in Nilda Fernandes, Yoga Terapia – O Caminho da Saúde Física e Mental, edição independente, Brasília, 1992, pg 228