Shri Dattatreya Avaddhuta
Dattatreya |
Dattatreya foi o primeiro guru de todas as linhagens yogis, a primeira manifestação humana de
Shiva, a época de seu aparecimento é remota nos tempos longínquos de milênios.
Dizem que nunca abandonou o seu corpo e pode ser visto no sul da Índia próximo
às montanhas Malayas, no pico de Arunachala e suas cercanias pelos afortunados,
ainda mesmo nos dias atuais. Possuía quatro cães e uma vaca branca como
companhia, era um ecologista nato e um de seus dizeres era:
"Podemos
permanecer ignorantes,
destruindo e
saqueando a natureza ou aprender com ela e
descobrir a sua
essência divina".
Foi autor de importantes escrituras yogis, a mais importante: Avaddhuta Gita.
Os 24 Gurus de Dattatreya
Dattatreya era absolutamente
livre de intolerância ou preconceitos de qualquer tipo.
Ele aprendia a sabedoria de
qualquer fonte que viesse.
Todos os que buscam a
sabedoria devem seguir o exemplo de Dattaterya.
Uma certa vez o rei Yadu avistou Dattaterya que
estava caminhando alegremente pela floresta. Ao ver tamanha felicidade, Yadu
perguntou a Dattatreya o nome de seu Guru. Dattatreya por sua vez disse a Yadu:
Somente Atma (o absoluto) é meu Guru, porém obtive a sabedoria de 24 mestres,
logo estes são o meus Gurus.
1.
Meu primeiro mestre foi a Terra. Com ela eu aprendi ter
paciência, ser amoroso e a gostar de todas as pessoas, pois ela suporta cada
ofensa que o homem comete em sua superfície e mesmo assim, lhe faz o bem ao
produzir os frutos e grãos. Enquanto mantiver este ponto de vista, o feito das
pessoas me parecerá normal.
Prithivi - Terra |
2.
Meu segundo mestre foi à Água. Ela limpa e purifica tudo o que
toca, e sacia a sede de todos que dela bebem. Para se manter pura, a água deve
correr livremente. A água me ensinou que minha energia não deve ficar
estagnada e por isso devo me manter em constante movimento.
3.
Meu terceiro mestre foi o Fogo. Tudo o que o fogo queima é
transformado em luz e calor. Observando o fogo me lembro de absorver tudo o que
a vida me apresenta e a transformá-la em chamas de sabedoria. Esta chama
ilumina minha vida que resplandece com os esplendores de meus conhecimentos e
pode aquecer aqueles que estão próximos a mim.
Agni - Fogo |
4.
Meu quarto mestre foi o Ar. O ar está sempre se movendo através
de vários objetos, mas ele nunca se apega a nenhum deles. O vento que o ar
provoca acaricia as flores e os espinhos da mesma maneira. Com o ar eu
aprendi a não ter apego, a não discriminar ninguém e levar frescor a todos.
5.
Meu quinto mestre foi o Espaço. O espaço permeia o sol, a lua,
as estrelas e apesar de tudo estar contido no espaço,ele permanece ilimitado. Com
ele eu aprendi a abarcar tudo sem me afetar e que todas as coisas visíveis e
invisíveis tem o seu devido lugar, mas não tem o poder de confinar a minha
existência.
Akasha - Espaço |
6.
Meu sexto mestre foi a Lua. A lua é em si mesma completa, mas
parece crescer ou minguar, de acordo com a sombra da terra, que varia, por
sobre ela, mas a sua essência permanece intocada. Enquanto eu observo a lua,
aprendo que dor e o prazer, os ganhos e as perdas são simplesmente fases da
vida, assim, enquanto eu passo por elas, devo permanecer consciente do meu
verdadeiro Eu.
7.
Meu sétimo mestre foi o Sol. O sol reflete em diversas
superfícies de água, diferentes formas de reflexões, retira a água de todos os
lugares, transforma-a em nuvem e a devolve em forma de chuva. Com o Sol,
aprendi a absorver o conhecimento de todas as coisas, transformá-las em
sabedoria e a compartilhá-los com todos.
8.
Meu oitavo mestre foi um Pavão. Aprisionado na rede de um
caçador, o pavão gritou desesperado atraindo seus companheiros que procuraram
resgatá-lo e também foram aprisionados. Com ele aprendi que toda e qualquer
reação ligada ao apego e a emoção é uma armadilha. Sempre penso duas vezes
antes de agir sob uma emoção superficial, especialmente se a ação nascer de uma
identificação com o próprio grupo.
Mayura - Pavão |
9.
Meu nono mestre foi a Cobra. A cobra, contenta-se com a presa
que captura e fica deitada por algum tempo sem procurar por mais comida. Com
a cobra, aprendi a não me preocupar com comida, a me contentar com que tenho e
a me aquietar quando satisfaço minhas necessidades sem correr atrás dos objetos
de meus desejos.
10.
Meu décimo mestre foi o Oceano. O oceano permanece imóvel mesmo
que centenas de rios desemboquem nele. Com o oceano aprendi a permanecer
imóvel entre os diversos tipos de tentações, dificuldades e problemas.
11.
Meu décimo primeiro mestre foi a Mariposa. A mariposa, sendo
atraída pelo brilho da chama, voa de sua morada para seu sacrifício na luz. Com
ela, aprendi que uma vez que vejo a aurora, mesmo sendo um pequeno clarão à
distância, devo superar meu medo e deslocar com toda a determinação em direção
ao fogo consumidor que irá tornar-se conhecimento e iluminar minha mente.
12.
Meu décimo segundo mestre foi a Mamangava. Antes de pegar a
menor quantidade de néctar, ela zumbe, faz volteios e dança criando uma
atmosfera de alegria. Ela dá muito mais do que recebe, porque como agente da
polinização assegura que haverá flores na estação vindoura. Com ela, aprendi
que devo apanhar somente um pouco da natureza e a ficar contente e satisfeito,
enriquecendo em vez de destruir aquilo que me sustenta.
13.
Meu décimo terceiro mestre foi a Abelha. As abelhas coletam o
néctar arduamente de diferentes flores para transformá-lo em mel e armazena-o
em favos que são compartilhados com outras espécies. Com ela aprendi que
devo colecionar os ensinamentos de cada disciplina e processos de conhecimento
que recebo e aplicá-los para poder crescer e não acumular nada, compartilhando
tudo o que sei com os outros.
14.
Meu décimo quarto mestre foi um Elefante Macho Selvagem. O
caçador de elefantes levou uma fêmea, no cio, a uma floresta. O elefante
sentiu-se fortemente atraído, e em sua busca pela fêmea, caiu dentro de uma
armadilha coberta por folhas.Ele foi então capturado, acorrentado, torturado e
domesticado pelo caçador. Encantos mundanos e sensações sensoriais estimulam os
sentido e quando corremos atrás de prazeres sexuais, a mente é aprisionada e
escravizada. Com o elefante aprendi a controlar minhas paixões e meus
desejos.
15.
Meu décimo quinto mestre foi o Cervo. O cervo tem o sentido da
audição apurado e responde ao som instantaneamente, discriminando-o quando o
som lhe parece inofensivo, porém é seduzido, hipnotizado pelo som de flauta do
caçador e capturado. Com ele aprendi que também mantemos os ouvidos aguçados
e somos cépticos com algumas coisas que ouvimos, mas às vezes ficamos
fascinados por certas palavras que nos atraem porque aguçam nossos desejos e
apegos, essa peculiaridade cria tanto sofrimento para nós quanto para os outros.
16.
Meu décimo sexto mestre foi o Peixe. Assim como o peixe é
cobiçado pela comida e é vítima fácil de uma isca, o homem que é ganancioso por
comida, e permite que seu sentido da gustação o domine, perde sua independência
e é facilmente arruinado. Com o peixe aprendi a ter discernimento ao me
alimentar.
17.
Meu décimo sétimo mestre foi uma Cortesã chamada Pingala na
cidade de Videha que não amava, nem era amada por nenhum de seus clientes além
de não se sentir satisfeita com o dinheiro que recebia.Uma noite, cansada e sem
esperanças, decidiu permanecer contentada com o que tinha e dormiu suavemente. Eu
aprendi desta mulher caída, a viver com dignidade e autorrespeito, que o melhor
lugar para eu encontrar o amor e a minha própria satisfação é dentro mim mesmo,
que não devo esperar nada deste mundo e que às vezes, o abandono de esperanças
nos leva ao contentamento.
18.
Meu décimo oitavo mestre foi um Corvo. O Corvo pegou um pedaço
de carniça, foi perseguido e surrado por outros pássaros que também queriam
aquele pedaço. Ele deixou o pedaço de carniça cair e então obteve paz e
descanso. Disso, aprendi que quando corremos atrás da satisfação dos nossos
sentidos, passamos por todos os tipos de problemas e desgraças, e que o segredo
da sobrevivência está na renuncia e não na posse.
19.
Meu décimo nono mestre foi o Bebê que com saúde, só chora até
que consiga sugar o leite materno, é livre de todas as preocupações, ansiedades
e está sempre alegre. Com ele aprendi estar sempre satisfeito e exigir
somente o que realmente necessito.
20.
Meu vigésimo mestre foi uma Jovem Donzela. Os pais dessa jovem,
saíram em busca de um pretendente apropriado para ela. A garota estava sozinha
em casa. Durante a ausência dos pais, uma comitiva de pessoas foi até a casa
com o mesmo propósito. Ela mesma recebeu a comitiva. Ela foi para dentro para
debulhar o arroz com casca e alimentar a comitiva. Enquanto ela estava
debulhando,seus braceletes tilintaram um ruído estridente. E sábia garota então
refletiu: "A comitiva irá perceber, pelo barulho dos braceletes, que eu
estou debulhando o arroz sozinha e que minha família é muito pobre para
contratar outros para ter o trabalho feito." Então ela tirou um por um dos
braceletes, somente quando restou um em cada mão é que houve o silêncio e então
ela prosseguiu o debulhar. Eu aprendi da experiência desta garota que onde
houver uma multidão, haverá ruídos que podem gerar discórdias, perturbações,
conflitos ou brigas. A Paz só advém na solidão.
21.
Meu vigésimo primeiro mestre foi a Serpente. Uma serpente não
constrói o seu buraco. Ela habita os buracos que outras criaturas abandonaram
ou se enrola em buracos de árvores por algum tempo e depois se muda. Com ela
aprendi a ajustar o meu meio ambiente e a usufruir o que a natureza me oferece
sem construir uma morada permanente. Enquanto flutuo no fluxo da natureza
encontro vários lugares para descansar e uma vez recuperado, prossigo meu
caminho em paz.
22.
Meu vigésimo segundo mestre foi um Artesão que estava totalmente
focado em afiar e planar uma flecha. Enquanto ele estava engajado neste
trabalho, um rei passou em frente ao seu estabelecimento com toda sua comitiva.
Após algum tempo, um homem veio até o artesão e perguntou-lhe se o rei havia
passado por sua loja e o artesão respondeu que não havia percebido nada. O fato
era que o a mente do artesão estava unicamente absorta em seu trabalho e então
ele não notou a passagem do rei em frente a sua loja. Eu aprendi deste
artesão à qualidade da intensa concentração da mente e que devo me concentrar
na obra que estou executando no momento, seja ela grande ou pequena. Quanto
mais dirigida a minha atenção, maior a minha absorção e quanto maior esta for,
mais profundo conseguirei compreender o objetivo da existência.
23.
Meu vigésimo terceiro mestre foi a Aranha. A aranha produz de
sua boca longos fios que tece em uma teia e ela mesma acaba presa na teia que
teceu. Com isso observei que o homem constrói uma teia de suas próprias idéias
e fica emaranhado nelas. A verdadeira segurança não está nas complicadas
formas de ação, mas na absorção única no presente.
24.
Meu vigésimo quarto mestre foi um pequeno Verme que uma ave
canora pegou e levou para o ninho. Antes de saborear o verme, a ave começou a
cantar, o verme encantou-se pela melodia e esqueceu-se do perigo. Se este
pequeno verme, pode, ser transportado por um canto e ultrapassar o curso do
tempo pela melodia, eu também desenvolverei a arte de poder me deixar absorver
no Nada ouvindo o som divino que está dentro de mim.
Dattatreya
dizia que o mundo era um ashram,
que os ensinamentos estão por toda à parte.
Podemos aprender sempre qualquer coisa que contemplamos,
ou de qualquer pessoa que cruze o nosso caminho,
contanto que tenhamos desenvolvido um agudo interesse pelo saber,
com forte determinação para apreender o que for útil e
ignorar o desnecessário para nossa evolução espiritual.
que os ensinamentos estão por toda à parte.
Podemos aprender sempre qualquer coisa que contemplamos,
ou de qualquer pessoa que cruze o nosso caminho,
contanto que tenhamos desenvolvido um agudo interesse pelo saber,
com forte determinação para apreender o que for útil e
ignorar o desnecessário para nossa evolução espiritual.
O Rei Yadu ficou imensamente
impressionado pelos ensinamentos de Dattaterya,
abandonou o mundo e praticou
constante meditação no Ser.
Saiba mais sobre Dattatreya no:
The Pathless Path of Immortality de Mike Magee
From Python to Prostitute: Learning form the Guru in Each de Nitin Kumar