22 de fevereiro de 2010

Chandrasana

 
 por Flávia Venturoli de Miranda
 outubro de 2008
atualizado em fevereiro de 2010

A lua é outra cheia de fatos e mitologias. Começa que é cultuada por todos os povos pelo mundo. Na Índia tem vários nomes como chandra [candra] e soma [soma], é um deus que secreta a ambrosia da imortalidade, amrita [amRRita].

Na tradição do Hatha Yoga [haThayoga], se diz que ha [ha] é o sol e tha [Tha] é a lua (Hatha Ratnavali [haTha ratnAvalI] I.21) que representam respectivamente as nadis pingala e ida [pi~ngalA iDA nADI]. Na Gheranda Samhita [gheraNDasaMhitA] V.39 a 45, se medita no bija mantra tham [ThaM bIjamantra] como uma lua branca que secreta ambrosia e lava todas as nadis [nADI].


Uma meia lua [ardha candra] serve para segurar as madeixas de Shiva [shiva], ele mesmo uma das personificação divina da lua.

Enfim se pode dizer que a lua na Índia, tem a característica de refrescar após o dia abrasador do calor indiano. Por ser fria é úmida, produz orvalho que nutri a terra e todos os seres vivos, portanto garante a seiva da vida. O sol por outro lado dá a vida, mas também a tira ressecando-na. Deste modo, na Índia, o sol está associado com a morte fisiológica, enquanto a lua com a imortalidade.

Conta a lenda que o deus Soma, a lua, passa meio mês alimentando os deuses com imortalidade, depois mingua, exaurido. Então o Surya [sUrya], o sol, evapora os oceanos e o reidrata.

No Tantra, há também as 15 luas da deusa Kali [kAlI], que é a quinzena escura lunar, enquanto a quinzena luminosa é a deusa Lalita [ ].

Na postura de chandra passa-se por várias fases como a lua. Começa-se em trikonasana [trikoNAsana], depois flexionando uma das pernas, faz-se a virabhadrasana II [virabhadrAsana] e, por fim, completa-se com a postura de equilíbrio chandrasana [candrAsana].

Ela também requer uma grande concentração devido a mudança do ponto focal da cabeça em movimento para se alcançar a postura final. Com o corpo fica todo num único plano, requer que os músculo estejam igualmente firmes, isométricos, para que nada perturbe o equilíbrio. É uma postura que requer atenção plena e força de praticamente todos os grandes músculos do corpo.

Shastra [shastra]
  • Não encontrei nenhum asana com a descrição igual ou semelhante ao chandrasana ou ardhachandrasana [ardhacandrAsana] como descrito por Iyengar, in GHAROTE, Dr. M.L., Encyclopaedia of Traditional Asanas – The Lonavla Yoga Institute, Lonavla, India, 2006, há posturas com esses nomes porém totalmente diferente na execução.
  • Na Hatha Ratnavali [haTha RatnAvalI], cita chandrakantasana [candrakAntAsana], mas não descreve.
Bibliografia:
  • Como ardhachandrasana IYENGAR, B.K.S – Light on Yoga – Schocken Books 1979, pg 74 a 7
Variações
  • utthita parshvakonasana [utthita pArSvakoNAsana] + equilíbrio, com o joelho flexionado e ambos braços esticados e mãos unidas acima da cabeça, RAMASWAMI, Srivatsa – The Complete Book of Vinyasa Yoga – Marlowe & Company – 2005 pg 150 a 152.
  •  ardhachandrasana - lateralização (sem o trabalho de equilíbrio) feita com um braço flexionado, formando um arco, como uma lua crescente.
  • ardhachandrasana - lateralização (sem o trabalho de equilíbrio) feita com um braço extendido para o alto, pernas unidas, como uma lua crescente, in Nilda Fernandes, Yoga Terapia – O Caminho da Saúde Física e Mental, edição independente, Brasília, 1992, pg 57
  • nitambasana [nitambAsana], com os pés unidos (ou seja, sem o trabalho de equilíbrio) e braços para o alto (dedos entrelaçados e palma da mão virada para o teto, in Nilda Fernandes, Yoga Terapia – O Caminho da Saúde Física e Mental, edição independente, Brasília, 1992, pg 228