19 de outubro de 2010

Natarajasana

Postura do Dançarino Real 
[naTarAjAsana]
por  FláviaVenturoli de Miranda

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nata [naTa] - dançarino
raja [rAja] – real, do rei
 
Nataraja [natarAja] é um epíteto de Shiva como transformador. Conta a lenda que numa floresta moravam sábios que haviam se perdidos em seus egos. Os deuses resolveram dar-lhes uma lição. Assim, Vishnu [viSNu] disfarçado de uma bela mulher, Mohini [mohinI], apareceu diante deles acompanhada com Shiva. Os homens, tomados de desejos, lutaram violentamente entre si pela atenção da moça. Disputavam para tirá-la de Shiva

Mohini entre os sábios
Os sábios através de magia criaram um monstruoso tigre para atacar o rival Shiva. O tigre ao atacá-lo, foi resumido a uma pele, pois Shiva com unha do seu dedo minguinho o esfolou e usou seu couro como veste. Os sábios, revoltados com a aquela derrota, criaram uma serpente monstruosa, que Shiva com naturalidade colocou no seu pescoço como um colar e começou a dançar. Por fim, os sábios mandaram um anão para atacar Shiva que o dominou, simplesmente, pisando em suas costas sem cessar sua dança frenética, tandava [tANDava]. 


Shiva Nataraja
Em uma outra lenda, ao saber da morte de sua esposa, Sati [satI], por imolação na pira sacrificial de seu sogro. Shiva ficou tão furioso que começou a dançar freneticamente, tandava, para que o mundo fosse destruído e um novo mundo mais correto recomeçasse. 

O simbolismo da postura é da transformação interna, através domínio sobre a pequenez do ego ignorante pela superioridade da sabedoria essencial.

Variações:

Essa postura tem inúmeras variações. Das mais simples, quando em vez de pegar o pé com a mão, apenas se eleva um pouco para trás a perna do chão, enquanto um braço fica erguido e o outro relaxado (ou até mesmo com os 2 braços erguidos). Há a versão muito complexa, como demonstrada por Iyengar no Light on Yoga, em que o pé da perna erguida toca a cabeça.

Com relação ao tronco, há quem faça a postura no prumo e outros preferem inclinar o tronco até que fique paralelo ao chão. Há a opção também de elevar a cabeça e olhar o teto, o que sempre aumenta o grau de dificuldade do equilíbrio,

De qualquer modo a postura, além de belíssima esteticamente, trabalha a extensão da coluna, o alongamento do psoas e da musculatura frontal da coxa, e a abertura do tórax. Nela treinamos “dançar conforme a música” sem perde o  equilíbrio.

Fonte:
Light on Yoga – Iyengar
Encyclopaedia of Traditional Asanas – Dr. Gharote - Lonavla
Fonte histórica:
Yoga Rahasya I.51 de Nathamuni - KYM